VELHICE
Costuma-se dizer que a idade determinante da velhice é 65 anos, quando se encerra a fase economicamente ativa da pessoa e começa a aposentadoria. Contudo a Organização Mundial da Saúde, através de estudo e levantamento estatístico mundial, elevou essa idade para 75 anos, devido ao aumento progressivo da longevidade e da expectativa de vida.
Em muitas culturas e civilizações, principalmente as orientais, o velho, o idoso é visto com respeito e veneração, representando uma fonte de experiência, do valioso saber acumulado ao longo dos anos, da prudência e da reflexão. Enquanto em outras, o idoso representa "o velho", "o ultrapassado" e "a falência múltipla do potencial do ser humano".
Acontece na Velhice
# Mudanças Físicas: gradual e progressivas: aparecimento de rugas e progressiva perda da elasticidade e viço da pele; diminuição da força muscular, da agilidade e da mobilidade das articulações; aparição de cabelos brancos e perda dos cabelos entre os indivíduos do sexo masculino; redução da acuidade sensorial, da capacidade auditiva e visual; distúrbios do sistema respiratório, circulatório; alteração da memória e outras.
# Mudanças Psicossociais: modificações afetivas e cognitivas: efeitos fisiológicos do envelhecimento; consciência da aproximação do fim da vida; suspensão da atividade profissional por aposentadoria: sensação de inutilidade; solidão; afastamento de pessoas de outras faixas etárias; segregação familiar; dificuldade econômica; declínio no prestígio social, experiências e de valores e outras.
# Mudanças Funcionais: necessidade cotidiana de ajuda para desempenhar as atividades básicas.
# Mudanças Sócio-econômico: acontecem quando a pessoa se aposenta.
Sexo na Velhice.
Desejo
Existem muitas falácias em relação ao fim do desejo sexual quando um homem envelhece. É uma questão muito mais cultural que biológica. Observa-se, na verdade, uma diminuição da freqüência de sexo já a partir dos 40 anos de idade, quando há baixa de um hormônio denominado Testosterona, responsável pelo apetite sexual. No homem, o estímulo visual é de extrema importância para iniciar e manter o desejo sexual. No entanto, com o avançar da idade, ele precisa ser tocado para provocar o seu desejo. Muitas vezes se beneficia introduzindo o pênis flácido na entrada da vagina como estímulo inicial.
Na mulher, com a chegada da menopausa, também se pode constatar muito mais peso cultural que biológico. Algumas mulheres que se sentiram obrigadas a manter relações sexuais por toda uma vida, justificam a perda da função sexual com o fim da menstruação. Usam a menopausa como escudo para não precisarem mais "servir" seus parceiros sem obtenção alguma de prazer. Já outras mulheres experimentam uma melhora da vida sexual com a parada do ciclo menstrual, pois não precisam mais temer a gravidez indesejada e geralmente não têm mais filhos pequenos que atrapalhem o sono ou que ocupem muito sua atenção ao longo do dia.
Excitação
Nos homens, com o passar da idade, o estímulo táctil torna-se praticamente indispensável para a obtenção da ereção. Também o tempo de ejaculação fica mais prolongado, possibilitando maior prazer para a parceira. A impotência pode surgir parcialmente ou totalmente por motivos emocionais ou mesmo orgânicos, como algumas doenças ou por efeito colateral de algumas medicações. A posição para o coito deve ser repensada, evitando-se muito esforço que gera fatiga e perda de ereção. Vários tratamentos para a disfunção erétil já estão à disposição no mercado.
Com a perda de produção de alguns hormônios na menopausa, a mulher fica com menos lubrificação vaginal, devendo ter maior cuidado durante o ato sexual. Quando a vagina fica seca, o atrito do pênis pode machucá-la, como também ao seu parceiro, além de poder provocar algumas infecções (vulvovaginites). O uso de cremes lubrificantes é aconselhável, bem como a possibilidade de reposição hormonal. Um outro fenômeno que ocorre é a perda de gordura localizada nos grandes lábios, fazendo com que a vagina diminua de tamanho e esteja mais propensa a sofrer dor no coito. A fantasia deve ser muito utilizada para despertar maior prazer no ato.
Orgasmo
No idoso, há uma diminuição da força de ejeção do líquido seminal e também do seu volume. No entanto, não há alteração da sensação subjetiva de profundo prazer. Nas mulheres, devido à diminuição da capa de gordura, há maior contato com as terminações nervosas que levam ao prazer, podendo haver maior sensibilidade no gozo.
Período Refratário
Após o orgasmo, o homem tem o que se chama de Período Refratário, fenômeno este que não ocorre nas mulheres. É um tempo de relaxamento necessário para que ele possa reiniciar novamente a atividade sexual. Em geral, esse período aumenta bastante no idoso, podendo variar de horas, a um dia ou mais
Cabelos Brancos
Os fios de cabelo nascem dos folículos pilosos, que são invólucros localizados na derme, a camada intermediária da pele. Cada folículo corresponde em geral a um poro da pele, por onde o fio vai para o exterior. A cor dos fios de cabelo é determinada por um pigmento chamado melanina, que é "fabricada" pelos melanócitos. No caso dos cabelos, os melanócitos estão nas paredes do folículo piloso e no bulbo, que envolve a sua raiz.
Para que os melanócitos possam fabricar melanina, precisam contar com uma enzima chamada tirosinase. Sempre que há uma falha na produção dessa enzima, o fio deixa de receber melanina e perde a côr. É por isso que as pessoas mais velhas inevitavelmente apresentam cabelos brancos. O processo de envelhecimento atinge os vasos capilares, fazendo com que eles percam a capacidade de levar até a derme o sangue com os nutrientes necessários à produção de melanina. O branqueamento natural dos cabelos parece estar de alguma forma relacionado com a exaustão irreversível da tirosinase.
Embora o fator fisiológico seja inevitável e o genético, preponderante, outras razões podem provocar embranquecimento dos cabelos. Alguns desses fatores tem ação temporária, como é o caso de remédios utilizados para o tratamento de câncer ou ainda a cloriquina, uma droga para combater a malária que embranquece os cabelos de pessoas louras. No entanto, a côr natural dos cabelos é recuperada quando se deixa de tomar essas drogas.
Pessoas com vitiligo, doença que causa a despigmentação de algumas áreas do corpo, podem apresentar cabelos brancos em maior quantidade. Formas menores de albinismo, doença em que não existe o gene responsável pela produção da tirosinase no organismo, fazem com que algumas pessoas, mesmo ainda jovens, apresentem mechas de cabelos brancos.
Há ainda casos em que o surgimento de cabelos brancos é o resultado de um defeito hereditário ligado ao metabolismo da tirosina, um aminoácido que participa da formação da enzima tirosinase. Como a síntese da tirosina no organismo depende de um outro aminoácido presente nos ovos, no leite e no trigo - a feninalanina - é fácil concluir que uma alimentação deficiente podem fazer com que os cabelos brancos surjam precocemente.
Velhice sem dentes
A crença de que a perda dentária é algo natural na velhice, associada à tardia fluoretação da água e aos altos custos do tratamento bucal, são algumas causas que explicam a precariedade da saúde dental dos idosos brasileiros. O resultado de uma pesquisa realizada na Unesp mostra que, entre a população com mais de 60 anos, o número médio de dentes cariados, perdidos e obturados varia de 25 a 31 por pessoa.
Para Rafael, a precariedade da saúde bucal dos idosos tem muitos fatores. Um deles é a fluoretação da água, que foi iniciada no Brasil somente em 1950. "Nesta época vários indivíduos que hoje têm mais de 60 anos já estavam com seus dentes comprometidos pela cárie", completa o pesquisador. Outro aspecto importante é a histórica escassez de atenção odontológica para essa faixa-etária. "A assistência odontológica era privilégio de quem podia pagar caro,e em muitos casos era praticada por falsos dentistas. Além disso, havia todo um imaginário sobre a perda dentária como algo natural da velhice, o que sabemos que não é verdade", aponta.
Problemas de Visão
Depois dos 40 os exames oftalmológicos são obrigatórios e imprescindíveis. Devem ser realizados anualmente. Uma das razões para a preocupação com a saúde oftalmológica é o aparecimento da presbiopia, a famosa vista cansada, uma alteração que acontece no cristalino e no músculo ciliar, impedindo o indivíduo de enxergar de perto.
O uso de lentes corretivas pode compensar a dificuldade, facilmente diagnosticada durante uma consulta oftalmológica rotineira.
Outro cuidado nesta etapa da vida é com o aumento da pressão intra-ocular, bem como outros indícios de glaucoma.
O glaucoma é uma doença que requer atenção e controle, pois pode levar à cegueira, quando não tratada adequadamente. Para a forma crônica, o tratamento pode ser feito à base de colírios, laser e, em último caso, a cirurgia. Nos casos agudos, é necessário reduzir a pressão intra-ocular através do uso de laser para evitar novas crises agudas.
Mulheres que estão entrando na menopausa estão mais propensas à Síndrome do Olho Seco, doença que se não for tratada pode danificar a córnea. A Síndrome é caracterizada pela diminuição na produção das lágrimas e, conseqüentemente, da lubrificação dos olhos. Os sintomas são incômodos: sensação de areia e corpo estranho nos olhos, olhos vermelhos, maior sensibilidade ao vento e ao ar condicionado.
São recomendáveis também a umidificação do ambiente, evitar o uso de ar condicionado e o uso prolongado do computador ou televisão.
Com o avançar dos anos e a entrada na quinta década de vida, a catarata e a DMRI devem ser monitoradas pelas consultas anuais.
Como não existe tratamento clínico para a catarata, a única maneira de impedir o avanço da doença e a perda da visão é a cirurgia de remoção do cristalino opaco dos olhos e a colocação de uma lente intra-ocular artificial. “A perda da visão causada pela catarata pode ser reversível nos casos em que não há outras doenças oculares associadas, como a degeneração macular, a retinopatia diabética ou o glaucoma”